Thursday, May 11, 2006


Agora, deu-me para contar histórias, podia ser para pior, deve ser influência da proximidade com os miúdos da catequese. Para quem não sabe sou responsável pela catequese da Paróquia.
Então cá vai mais uma história...

Como todas as Histórias, esta não podia de deixar de começar... Era uma vez um menino chamado João. João tinha apenas cinco anos, a professora do jardim de infância, pediu aos meninos que fizessem um desenho sobre uma coisa que eles amassem.
João desenhou a sua família...
Depois, desenhou um grande círculo, com um lápis vermelho, ao redor das figuras.
Querendo escrever uma palavra por cima do círculo, ele saiu da sua carteira, foi até à mesa da professora e perguntou-lhe:
Senhora professora, como é que se escreve...?
A professorara não o deixou terminar a pergunta, e disse-lhe: o menino vai já para o seu lugar e não se atreva a interromper mais a aula.
João dobrou o papel e guardou-o no bolso.
Quando regressou a casa, lembrou-se do desenho e tirou-o do bolso. Alisou-o bem sobre a mesa da cozinha, foi à mochila, pegou num lápis e olhou para o enorme círculo vermelho.
A sua mãe estava a preparar o jantar, indo e vindo do fogão para a bancada e para a mesa.
Ele queria terminar o desenho antes de o mostrar a ela e perguntou-lhe:
- Mamã, como é que se escreve...?
João! não vês que estou ocupada? Vai brincar lá para fora. E não batas com a porta.
O João dobrou o desenho e guardou-o novamente no bolso.
Nessa noite, ele tirou outra vez o desenho do bolso.
Olhou para o enorme círculo vermelho, foi até à cozinha e pegou no lápis.
Ele queria acabar o desenho antes de o mostrar ao pai.
Alisou bem as dobras, colocou o desenho no chão da sala, perto do sofá onde o pai se costumava sentar e perguntou-lhe:
- Papá, como é que se escreve...?
- João! não vês que estou a ler o jornal e que não gosto de ser interrompido? Vai brincar lá para fora e não batas com a porta.
O Joãozinho dobrou mais uma vez o desenho e guardou-o no bolso.
No dia seguinte, quando a mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso das calças do João, enrolados num papel, uma pedrinha, um elástico e dois cromos.
Eram os tesouros que ele tinha guardado enquanto brincara fora de casa.
Ela nem desenrolou o papel e atirou tudo para o lixo.
Os anos passaram... e muitos dias iguais a estes se seguiram...
Entretanto o João cresceu e casou...
Quando João tinha 28 anos, a sua filha de cinco anos, a Ana fez um desenho.
Era o desenho da sua família.
O pai sorriu quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e disse:
- Este és tu, Papá!
A menina sorriu também...
O pai olhou para o enorme círculo vermelho feito por ela, ao redor das figuras e demoradamente, passou os dedos sobre o círculo.
Ana desceu rapidamente do colo do pai e disse-lhe:
-Eu já venho Papá!
Quando voltou, trazia um lápis na mão.
Voltou a sentar-se nos joelhos do pai, pôs a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou:
- Pap! como é que se escreve AMOR?
Ele abraçou a filha, pegou-lhe na mãozinha e conduziu-a devagar, ajudando-a a escrever as letras, enquanto lhe dizia:
AMOR, querida, AMOR escreve-se com as letras T, E, M, P, O.

2 comments:

Anonymous said...

(Bem... por onde começar?)
Ás vezes somos crianças. Rodeamos aqueles de quem gostamos e tentamos que eles notem no que temos para dizer... Até abrimos os lábios e damos suspiros, à espera de um sorriso...
Outras vezes somos adultos demais para notar nesses sinais. Por vezes perdemos de vista os que têm esperança em nós, por vezes não temos tempo...
Continue a contar histórias destas! =)

beijinho

Unknown said...

É para mim extremamente cara a relação Pai, Filho, eu já fui um João, agora sou Pai e o TEMPO fez-me chegar a uma conclusão que a transformei em lei. É facil educar os meus filhos, basta fazer o contrário do que o meu pai fez comigo.
Bonita história.
Abr