Tuesday, April 11, 2006


"Antes de o galo cantar, ter-me-ás negado três vezes"

Voltando-se, o Senhor fixa o olhar em Pedro. E Pedro, tomando consciência do que acaba de dizer, arrepende-se e chora...: funde em lágrimas e permanece mudo... (Lc 22,61-61) Sim, as lágrimas são orações mudas; merecem o perdão sem o reclamar; obtêm misericórdia sem defender a sua causa... As palavras podem não conseguir exprimir uma oração, as lágrimas nunca; as lágrimas exprimem sempre o que sentimos, ao passo que as palavras podem ser impotentes. Eis porque Pedro já não recorre às palavras: as palavras tinham-no levado as trair, a pecar, a renegar a sua fé. Prefere confessar o seu pecado com lágrimas, ele que com palavras tinha renegado...
Imitemo-lo, contudo, no que diz quando o Senhor lhe pergunta três vezes: "Simão, amas-me?" (Jo 21,17) Por três vezes responde: "Senhor, tu sabes que te amo". O Senhor diz-lhe então: "Apascenta as minhas ovelhas", e isso por três vezes. Esta palavra compensa o seu desvario precedente; aquele que tinha três vezes renegado o Senhor, três vezes o confessa; por três vezes se tinha tornado culpado, por três vezes obtém a graça pelo seu amor. Vede pois que benefício tirou Pedro das suas lágrimas!... Antes de derramar lágrimas, era um traidor; tendo derramado lágrimas, foi escolhido como pastor: aquele que se tinha portado mal recebeu o encargo de conduzir os outros.
E nós, do que é que nos devemos arrepender?

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