Saturday, April 29, 2006

Vós sois as testemunhas de todas estas coisas…


Hoje, somos chamados a testemunhar activamente a nossa fé…
Que, significa isso?
De certeza que não significa tornarmo-nos repetidores de palavras ouvidas e aprendidas há muitos anos!
Ao falarmos de testemunhas, falamos de credibilidade e de honestidade.
Não se pode testemunhar honestamente aquilo que se conhece simplesmente por ouvir dizer. A testemunha não é crível a não ser quando fala de coisas que viu e ouviu, enfim, quando fala de coisas que viveu.
Eu só posso testemunhar que Cristo ressuscitou e está vivo se Ele ressurgiu em mim e está vivo em mim. Quando experimento a sua presença e a Sua consolação. Quando me dá força para me abrir aos outros, para perdoar e para viver alegre. Quando isto for uma realidade na minha vida então entenderei que Ele ressuscitou, e estarei à altura de o testemunhar aos outros. Tudo o resto não passa de uma cultura histórica e de eloquência, que não convence, é como se diz na minha terra: parece o sol pálido de Inverno, que ilumina, mas não aquece…

Thursday, April 27, 2006


Aquele que vem do Alto está acima de tudo. Quem é da terra à terra pertence e fala da terra. Aquele que vem do Céu está acima de tudo e dá testemunho daquilo que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. Quem aceita o seu testemunho reconhece que Deus é verdadeiro; pois aquele que Deus enviou transmite as palavras de Deus, porque dá o Espírito sem medida. O Pai ama o Filho e tudo põe na sua mão. Quem crê no Filho tem a vida eterna; quem se nega a crer no Filho não verá a vida, mas sobre ele pesa a ira de Deus.
Jo. 3, 31-36

Este é o Evangelho de hoje. Celebrei como sempre às 8h. Este texto rachou-me o coração. Não é aquele que me diz mais, na sagrada escritura, como se uns dissessem mais que outros, coisas mesquinhas da minha parte!
Mas hoje foi como uma seta que trespassou o meu peito, a minha vida a minha história. Tudo isto porque ultimamente, a minha mente tem-se ocupado muito com o material, com o prazer, sei lá mais o que, uma quantidade enorme de pensamentos…
"Quem vive como sendo da terra à terra pertence..." Ainda não descobri profundamente que pertenço a Deus, totalmente…
È um caminha a percorrer, mas ainda me sinto no inicio.
Hoje sinto uma profunda necessidade de encontrar silêncio, recolher-me no meu íntimo, esconder-me espiritualmente para me preservar e fugir aos sentidos, e conceder a mim mesmo um lugar de silêncio e de repouso interior.
É deste repouso interior que se canta: «Quando um silêncio profundo envolvia todas as coisas e a noite ia a meio do seu curso, então, a tua palavra omnipotente desceu do céu e do trono real e, como um implacável guerreiro, lançou-se para o meio da terra» (Sab. 18, 14-15):
Foi num profundo silêncio que o Verbo eterno saiu do coração de seu Pai.
É no meio do silêncio, precisamente no momento em que todas as coisas estão mergulhadas no mais profundo silêncio, quando o verdadeiro silêncio reina, que se escuta então, verdadeiramente, este Verbo.
Pois se desejas que Deus fale, precisas silenciar; para que ele entre, todas as coisas devem sair. Eu quero que Ele me fale e entre, decidi fazer silêncio.
Os meus próprios ídolos, é tudo aquilo que me impede que se opere em mim este nascimento eterno, de maneira verdadeira e imediata, por melhor e mais santo que isto possa parecer.
Nosso Senhor Jesus Cristo disse: «Eu vim trazer a espada» (Mt. 10,34) para cortar tudo o que se agarra ao homem.
Pois aquilo que te é mais chegado, eis o teu inimigo: esta multiplicidade de imagens que em ti escondem o Verbo.

Tuesday, April 25, 2006


Hoje celebramos o evangelista e apóstolo São Marcos. Marcos acompanhou Barnabé e Paulo durante a primeira viagem apostólica de ambos, diante do perigo, João Marcos abandona-os para regressar a Jerusalém (Act 13, 13). [.] Depois disto, porém, foi colaborador de São Pedro (1P 5,13), tendo-se mostrado, não apenas um autêntico cristão, mas um servidor fiel e resoluto do Evangelho, sendo mesmo, segundo a tradição, o fundador da Igreja mais rigorosa, a Igreja de Alexandria. O instrumento desta mudança parece ter sido a influência de Pedro, que transformou em apóstolo o discípulo tímido e cobarde.

Ao longo da minha vida de padre também já me senti assim, um tímido, um inútil sei lá mais o que…
Através desta história, aprendi uma lição: pela graça de Deus, o mais fraco pode receber a força. Portanto, não devo confiar apenas em mim próprio; nunca devemos desprezar um irmão que dá provas de fraqueza, nem jamais desesperar quanto à sua fidelidade mas, pelo contrário, devemos ajudá-lo a seguir em frente. A história de Marcos apresenta-nos um caso de mudança ainda mais rara: a passagem da timidez a uma segurança definitiva. Com efeito, se é difícil dominar paixões violentas, ainda é mais difícil superar a tendência para o temor e o desalento, essas pequenas cadeias que paralisam alguns. [.] Admiro em São Marcos, uma tão espantosa transformação: "pela fé, o fraco recebeu o dom da força" (Hb 11,34). Deste modo, Marcos dá testemunho dos dons mais maravilhosos do Espírito Santo, segundo a repartição dos últimos tempos: "Levantai as vossas mãos fatigadas e os vossos joelhos enfraquecidos" (Hb 12,12).

Monday, April 24, 2006


Nascer do alto, pela água e pelo Espírito.
Foi este o desafio que Jesus fez a Nicodemos.
É O desafio que Jesus Hoje nos faz.
Hoje confunde-se este nascer de novo com o permanecer novo eternamente, reproduzindo o mito da eterna juventude proclamado por Goethe. Daí a quantidade de plásticas, e de exercícios para manter uma pele jovem, aparência jovem.
O nascer de novo a que Jesus no desafia é diferente.
O que nasce da carne é carne diz Jesus. O renascer pelo Espírito é uma rotação completa da existência. Abandonar a pretensão de se salvar por si próprio. Renascer pelo Espírito é colocar-se numa absoluta dependência de Deus mediante a fé. Pelo Baptismo somos incorporados em Cristo, assim a nossa origem e o nosso destino estão em Deus.
É preciso estar atento aos sinais do Espírito, ele nos guiará, não para onde queremos, mas para onde Ele quer, graças à vida nova de Deus.

Saturday, April 22, 2006


O encontro com uma pessoa verdadeiramente boa produz nos outros um verdadeiro fenómeno de oxigenação. Apercebem-se que lhes é restituído algo essencial às suas vidas.
Madeleine Delbrêl

Friday, April 21, 2006


Hoje apetece-me escrever sobre o onde? Quando? Como’ ir à missa.
Ouve-se dizer com frequência vou quando e onde me apetece. Não gosto de me sentir obrigado a nada. Gosto de me sentir livre.
De facto o amor não suporta a coacção.
Mas esta afirmação não é totalmente verdadeira. Porque o amor não é apenas sentimento. O sentimento vem por acréscimo. O amor é antes de mais uma decisão: “Quero amar-te”. O amor reside na vontade, não nas emoções, ainda que estas acompanhem o amor, daí a primeira qualidade do amor seja a fidelidade, isto é continuar a amar para além das mudanças de humor. Ir à missa é uma questão de amor deste tipo. Quero dizer uma questão de fidelidade. Isto é, um querer mais do que um sentir. Querer ouvir Jesus que nos diz: “faz isto em minha memória…”
Bom, isto foi para provocar. Vá lá vamos discutir esta questão, Força ai….

Thursday, April 20, 2006


Antes de dormir, ando muito cansado, mas queria deixar um pensamento para o dia de amanhã:
Amar é uma coisa simples e forte, mas custa.
Custa exactamente o preço, doloroso e alegre, de muitos momentos de paciência e impaciência juntos. E vem sempre o momento que a coisa mais dura é conhecer-se a si mesmo e suportar-se, sem deixar de querer tornar-se melhor.
(Abbé Pierre)
Hoje tocou-me de uma forma especial uma estrofe do hino de laudes:
Não há ressurreição sem haver morte,
Nem triunfo se não houver batalha:
Saibamos nós morrer em cada dia
E ser o homem novo!

Esta estrofe fez-me recordar uma interpelação que alguém me fazia ontem. “Padre tenho tantos problemas que já nada faz sentido na minha vida, nem a oração nem a missa…”
Se existe alguma coisa que exprima a nossa dor pode ser por exemplo a palavra perda. Que fazer das nossas perdas? Penso que devemos chorar as nossas perdas. Entregarmo-nos ao desespero à revolta significa deixar que as nossas perdas desfaçam os nossos sentimentos de segurança e nos conduzam à dolorosa verdade da nossa fragilidade. O nosso desgosto faz-nos experimentar sentimentos de vazio, em que nada é firme, onde tudo se encontra em constante transformação.
Diz-nos o evangelho “Bem-aventurados os choram porque serão consolados…”.
Mesmo assim em desespero não deixe de rezar, nem de ir à missa…, dizia-lhe eu… É preciso ter a coragem de transformar aquilo que se perdeu não em ressentimento mas em gratidão.
Muitas vezes tomamos a opção do ressentimento. O ressentimento é uma das forças mais destrutivas da nossa vida. Podemos mesmo dizer que é como que uma zanga fria, que se instalou no nosso interior, tornando mais duro o nosso coração.
Na eucaristia encontramos uma outra opção. Encontramos a gratidão. Chorar as nossas perdas é o primeiro passo para nos afastarmos do ressentimento e nos aproximarmos da gratidão. Na eucaristia imploramos o amor de Deus sobre nós. “Senhor tende piedade de mim…” Implorar o amor de Deus é sentir-se frágil, mas não vítima, é estar disposto a deixar-se transformar pelo amor de Deus. Só a terra desfeita pode receber a água, a terra dura não deixa ‘repassar’ a água. Assim é com o nosso coração. Deixar que o nosso coração receba a água de Deus.
Assim por baixo do nosso cepticismo e diria mesmo do nosso cinismo, há sempre o desejo de amor, de comunhão, mas para que isso aconteça e se concretize é preciso escutar com muita atenção as vozes mais profundas do nossos coração.
Senhor tem piedade de nós” e Ele responde-nos “Basta-te a minha graça”.
Terminei a conversa dizendo à pessoa, nunca se canse de pedir a cura do seu coração. Cura-me Senhor com a tua graça…

Wednesday, April 19, 2006

Os evangelhos desta semana Pascal não me deixam indiferente. Este é um pouco longo, mas não desistam de o ler.




Nesse mesmo dia, dois dos discípulos iam a caminho de uma aldeia chamada Emaús, que ficava a cerca de duas léguas de Jerusalém; e conversavam entre si sobre tudo o que acontecera. Enquanto conversavam e discutiam, aproximou-se deles o próprio Jesus e pôs-se com eles a caminho; os seus olhos, porém, estavam impedidos de o reconhecer. Disse-lhes Ele: «Que palavras são essas que trocais entre vós, enquanto caminhais?» Pararam entristecidos. E um deles, chamado Cléofas, respondeu: «Tu és o único forasteiro em Jerusalém a ignorar o que lá se passou nestes dias!» Perguntou-lhes Ele: «Que foi?» Responderam-lhe: «O que se refere a Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo; como os sumos sacerdotes e os nossos chefes o entregaram, para ser condenado à morte e crucificado. Nós esperávamos que fosse Ele o que viria redimir Israel, mas, com tudo isto, já lá vai o terceiro dia desde que se deram estas coisas. É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram perturbados, porque foram ao sepulcro de madrugada e, não achando o seu corpo, vieram dizer que lhes apareceram uns anjos, que afirmavam que Ele vivia. Então, alguns dos nossos foram ao sepulcro e encontraram tudo como as mulheres tinham dito. Mas, a Ele, não o viram.» Jesus disse-lhes, então: «Ó homens sem inteligência e lentos de espírito para crer em tudo quanto os profetas anunciaram! Não tinha o Messias de sofrer essas coisas para entrar na sua glória?» E, começando por Moisés e seguindo por todos os Profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, tudo o que lhe dizia respeito. Ao chegarem perto da aldeia para onde iam, fez menção de seguir para diante. Os outros, porém, insistiam com Ele, dizendo: «Fica connosco, pois a noite vai caindo e o dia já está no ocaso.» Entrou para ficar com eles. E, quando se pôs à mesa, tomou o pão, pronunciou a bênção e, depois de o partir, entregou-lho. Então, os seus olhos abriram-se e reconheceram-no; mas Ele desapareceu da sua presença. Disseram, então, um ao outro: «Não nos ardia o coração, quando Ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?» Levantando-se, voltaram imediatamente para Jerusalém e encontraram reunidos os Onze e os seus companheiros, que lhes disseram: «Realmente o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!» E eles contaram o que lhes tinha acontecido pelo caminho e como Jesus se lhes dera a conhecer, ao partir o pão.

Esta é também a história de cada um de nós. Hoje tocou-me de forma particular o seguinte. A gratidão não é uma atitude obvia frente à vida.
A gratidão precisa de ser descoberta e vivida, poderíamos dizer com algum cuidado interior. As nossas perdas, as nossas experiências de rejeição e abandono e os nossos inúmeros momentos de desilusão levam-nos constantemente à ira, à amargura e ao ressentimento. Nós não conseguimos vencer o destino, quando tentamos vencê-lo caímos no nada. Jesus na eucaristia permite-nos optar pela gratidão. Mas esta é uma opção que ninguém pode fazer por nós. Na eucaristia Jesus abre-nos à possibilidade de nos irmos libertando dos inúmeros ressentimentos e optarmos pela gratidão.
Em vez de nos determos a olhar convulsivamente as nossas percas, somos convidados a olhar para o alto, de onde Deus nos oferece a sua força. Deixemos que o estranho nos interpele e fique connosco, e toque cada parte do nosso ser e depois transforme os nossos ressentimentos em gratidão.
A vida eucarística tudo transforma, até nos cria a oportunidade de dizer obrigado àquele que se juntou a nós no caminho…

Tuesday, April 18, 2006



Sem comentário...
Ontem à noite fui surpreendido com uma notícia triste: o meu amigo e colega Pe. António Sousa foi encontrado morto em sua casa. Conhecemo-nos há muitos anos, quando ele era presidente da Câmara de Proença e o meu pai era presidente da Junta de freguesia. Cada vez que nos encontrávamos ele perguntava sempre:”então como está o senhor almeida…” O senhor almeida é o meu pai!
A morte dos amigos questiona sempre a nossa vida. Como vivemos, como temos aproveitado o tempo. Muito mais quando somos surpreendidos com uma notícia inesperada. Muitos diriam é a vida, outros Deus quis assim…
Estamos em plena Páscoa, tudo tem que ter um sentido novo. Acredito profundamente que o Pe Sousa já contempla a glória de Deus. Ele que durante a vida se empenhou em servi-lo com amor e generosidade. Agora toma parte da alegria do Senhor. Já se desprendeu da matéria, da sua condição mortal.
Quero ler a morte deste amigo à luz do evangelho de hoje. “Maria estava junto ao túmulo, da parte de fora, a chorar. Sem parar de chorar, debruçou-se para dentro do túmulo, e contemplou dois anjos vestidos de branco, sentados onde tinha estado o corpo de Jesus, um à cabeceira e o outro aos pés. Perguntaram-lhe: «Mulher, porque choras?» E ela respondeu: «Porque levaram o meu Senhor e não sei onde o puseram.» Dito isto, voltou-se para trás e viu Jesus, de pé, mas não se dava conta que era Ele. E Jesus disse-lhe: «Mulher, porque choras? Quem procuras?» Ela, pensando que era o encarregado do horto, disse-lhe: «Senhor, se foste tu que o tiraste, diz-me onde o puseste, que eu vou buscá-lo.» Disse-lhe Jesus: «Maria!» Ela, aproximando-se, exclamou em hebraico: «Rabbuni!» que quer dizer: «Mestre!» Jesus disse-lhe: «Não me detenhas, pois ainda não subi para o Pai; mas vai ter com os meus irmãos e diz-lhes: 'Subo para o meu Pai, que é vosso Pai, para o meu Deus, que é vosso Deus.'» Maria Madalena foi e anunciou aos discípulos: «Vi o Senhor!» E contou o que Ele lhe tinha dito.
Maria, em lágrimas, inclina-se e olha para dentro do túmulo. Ela já tinha todavia constatado que estava vazio, e tinha anunciado o desaparecimento do Senhor. Porque se inclina então ainda? Porque quer ver de novo? Porque o amor não se contenta com um único olhar; o amor é uma conquista sempre mais ardente. Ela já O procurou, mas em vão; obstina-se e acaba por descobrir...
Mulher a quem procuras? Porque choras? A ti ou a mim? Se é a mim que procuras, então chora, espera, sofre. Se é a ti que procuras, queixa-te de ti mesma por estares nessa perspectiva dolorosa.
A resposta de Maria é muito sugestiva “Rabbuni”, isto é, és tu que mandas, eu obedeço, estou pronta pertenço-te. Não me toques, diz Jesus... É a passagem da presença sensível para a presença da fé. Um dia uma menina que tinha perdido a mãe disse-me: Perguntei-lhe porque estava triste. Foi porque a tua mãe partiu? Ela respondeu-me – não partiu. Antes estava ao meu lado, e agora está em mim. Que lição...
Diz ainda Jesus, vai aos meus irmãos: é isto que nos diz hoje também. Não fiques paralisado pela morte mas vai e anuncia a vida. Realiza a tua missão.
Que Jesus realize a sua missão em nós…

Monday, April 17, 2006

A superação da morte, a sua eliminação foi, é e continuará a ser o desejo e o objecto da procura do homem. A ressurreição de Jesus diz-nos que essa superação é possível. Em termos de princípio, a morte não pertence irrevogavelmente à estrutura da criação, da matéria. Diz-nos também outra coisa muito importante: a superação das fronteiras da morte não é possível, em definitivo, por meio de métodos clínicos, isto é, por meio da técnica. Tal superação acontece por intermédio do poder criador da palavra e do amor. A palavra de Deus penetra até ao interior do corpo. O seu poder não acaba nos limites da matéria. Abrange o todo. O poder de Deus é esperança e alegria. Na Páscoa, Deus revela-se a Si próprio, revela a sua força, que é superior à força da morte. Acolhamos esse amor, e provoquemos ressurreição à nossa volta, amando e encorajando aqueles que andam desanimados e desiludidos com a própria vida. Ajudemo-los a encontrar a verdade querida por Deus.

Saturday, April 15, 2006

Sábado Santo


Hoje a liturgia convida-nos ao silêncio!
Um silêncio pleno, mais do que apenas a ausência de palavras e acções. Um silêncio que não é apenas uma pausa, cheia de pensamentos e desejos. Mas sim um momento de contemplação, da cruz, onde está Cristo morto. Que este silêncio nos ofereça a paz interior, que nos deixe respirar e que nos ajude a descobrir o essencial da sua vida e da nossa vida. Uma Santa Páscoa a todos o que por aqui passarem.

Friday, April 14, 2006

Há um hino latino, tão querido como o Adoro te devote à piedade eucarística dos católicos, que põe em relevo o vínculo entre a Eucaristia e a cruz, o Ave verum. Composto no século XIII para acompanhar a elevação da Hóstia na Missa, ele é de igual modo adequado para saudar a elevação de Cristo na cruz. São unicamente cinco versos, mas têm um grande conteúdo:

Ave verdadeiro Corpo nascido da Virgem Maria!
Tu sofreste verdadeiramente e imolaste-te pelo homem na cruz.
Do teu lado trespassado saiu sangue e água.
Sê para nós penhor no momento da morte.
Ó Jesus doce, ó Jesus piedoso, ó Jesus filho de Maria!

Thursday, April 13, 2006

Santa Missa "In Cena Domini"



"Amou-os até ao fim" (cf. Jo 13, 1).
Antes de celebrar a última Páscoa com os discípulos, Jesus lavou-lhes os pés. Com um gesto que normalmente compete ao servo, quis imprimir nas mentes dos Apóstolos o sentido de quanto iria acontecer dali a pouco.
Com efeito, a paixão e a morte constituem o fundamental serviço de amor com o qual o Filho de Deus libertou a humanidade do pecado. Ao mesmo tempo a paixão e a morte de Cristo revelam o sentido profundo do novo mandamento por Ele confiado aos Apóstolos: "que vos ameis uns aos outros assim como Eu vos amei" (Jo 13, 34).
"Fazei isto em memória de Mim" (1 Cor 11, 24.25) disse duas vezes, distribuindo o pão que se tornou o seu Corpo e o vinho que se tornou o seu Sangue. "Dei-vos exemplo para que, assim como Eu fiz, vós façais também" (Jo 13, 15)...
O acto do lava-pés representa toda a vida de Jesus: o levantar-se da mesa, a deposição do revestimento de glória, a inclinação para nós no mistério do perdão, o serviço da vida e da morte humana. A vida e a morte de Jesus não estão uma ao lado da outra, na morte de Jesus unicamente a substância, o verdadeiro conteúdo da sua vida. Vida e morte tornam-se transparentes e revelam o acto de amor até ao fim, um amor infinito que é o único lava-pés verdadeiro do homem, o único capaz de habilitar para a comunhão, isto é de o libertar.
Neste dia somos convidados a compenetrarmo-nos, mesmo com sofrimento, no acto divino-humano do amor, que como tal, é a purificação, isto é, a libertação do homem.
Rezemos por todos os padres do mundo, são eles que actualizam hoje para nós o amor de Deus através do sinal eucaristico…

Missa Crismal




"Cumpriu-se hoje esta passagem da Escritura" (Lc 4, 21). O "hoje" evangélico renova-se, de modo singular, nesta Missa do Crisma, que representa um verdadeiro e próprio prelúdio do Tríduo Pascal. Se a Missa in Cena Domini realça o mistério da Eucaristia e a entrega do mandamento novo do amor, a Missa crismal ou do Crisma, realça o dom do sacerdócio ministerial.
Obrigado Senhor pelo Dom do meu sacerdócio. Obrigado porque me confias um Dom Tão precioso e belo, a mim que sou um pobre pecador

Wednesday, April 12, 2006


O desespero de Judas

["Judas ficou cheio de remorsos...: trouxe de novo as trinta moedas de prata aos chefes dos sacerdotes e aos anciãos, dizendo: 'Pequei ao entregar à morte um inocente.' Eles replicaram: 'Que nos interessa isso? O problema é teu.' Lançando então por terra as moedas de prata, ele retirou-se e foi enforcar-se." (Mt 27,3-5)
Deus dizia a Santa Catarina:] O pecado imperdoável, neste mundo e no outro, é o do homem que, desprezando a minha misericórdia, não quis ser perdoado. É por isso que o considero o mais grave, é por isso que o desespero de Judas me entristeceu mais e foi mais penoso a meu filho do que a sua traição. Os homens serão, pois, condenados por esse falso juízo que lhes faz acreditar que o seu pecado é maior do que a minha misericórdia... São condenados pela sua injustiça quando se lamentam sobre a sua sorte mais do que sobre a ofensa que me fizeram.
Porque é então que eles são injustos: não me entregam o que me pertence e não entregam a si mesmos o que lhes pertence. A mim é devido o amor, o arrependimento pelo seu pecado e a contrição; eles devem oferecer-me isso por causas das suas ofensas mas o que fazem é o contrário. Só têm amor e compaixão por si próprios pois não sabem senão lamentar-se pelos castigos que os esperam. Bem vês que cometem uma injustiça; é por isso que se descobrem duplamente punidos por terem desprezado a minha misericórdia.

Em vésperas de Páscoa…
Transformação pela morte. “Trans…”implica sempre a morte de qualquer coisa. Crescer é passar por uma transformação. E se é para nos tornarmos Deus, então a transformação tem que ser radical. “Tornar-se Deus”, um tema para pensarmos um pouco ao longo deste dia. É o essencial da nossa fé. Requerem-se transformações parciais para se alcançarem resultados parciais. Mas quando se trata do infinito, do transcendente, tornar-se naquilo que Deus é, a transformação tem que ser radical. E a transformação radical é a morte.

Tuesday, April 11, 2006


“A cruz – é o instrumento através do qual Deus toma parte na história do homem e o salva. Por isso, a Igreja conserva esta memória, para comunicar ao mundo que Cristo foi crucificado pela nossa salvação e inundou a morte com o amor”.

"Antes de o galo cantar, ter-me-ás negado três vezes"

Voltando-se, o Senhor fixa o olhar em Pedro. E Pedro, tomando consciência do que acaba de dizer, arrepende-se e chora...: funde em lágrimas e permanece mudo... (Lc 22,61-61) Sim, as lágrimas são orações mudas; merecem o perdão sem o reclamar; obtêm misericórdia sem defender a sua causa... As palavras podem não conseguir exprimir uma oração, as lágrimas nunca; as lágrimas exprimem sempre o que sentimos, ao passo que as palavras podem ser impotentes. Eis porque Pedro já não recorre às palavras: as palavras tinham-no levado as trair, a pecar, a renegar a sua fé. Prefere confessar o seu pecado com lágrimas, ele que com palavras tinha renegado...
Imitemo-lo, contudo, no que diz quando o Senhor lhe pergunta três vezes: "Simão, amas-me?" (Jo 21,17) Por três vezes responde: "Senhor, tu sabes que te amo". O Senhor diz-lhe então: "Apascenta as minhas ovelhas", e isso por três vezes. Esta palavra compensa o seu desvario precedente; aquele que tinha três vezes renegado o Senhor, três vezes o confessa; por três vezes se tinha tornado culpado, por três vezes obtém a graça pelo seu amor. Vede pois que benefício tirou Pedro das suas lágrimas!... Antes de derramar lágrimas, era um traidor; tendo derramado lágrimas, foi escolhido como pastor: aquele que se tinha portado mal recebeu o encargo de conduzir os outros.
E nós, do que é que nos devemos arrepender?

Monday, April 10, 2006


Hoje, no início da semana santa, a semana mais importante para os cristãos, dou comigo a pensar numa frase do evangelho de S. Marcos 10, 28-31. “Aqui estamos nós, que deixámos tudo e te seguimos”. Eu deixei tudo para te seguir. Estou extremamente cansado. Qual será a minha recompensa? Consola-me a resposta de Jesus. Aliás é uma resposta surpreendente. “Em verdade quem deixar casa, irmãos, irmãs, mãe, pai, filhos ou campos por minha causa e por causa do evangelho receberá cem vezes mais agora, no tempo presente, em casas, e irmãos, e irmãs, e mães, e filhos e campos, juntamente com perseguições”. Posso dizer com certeza que esta palavra se cumpriu hoje na minha vida. Fiz esta experiência na tarde de cartório e nas duas horas em que estive a confessar. Deus é magnânimo e se olharmos com sinceridade para a nossa vida, então saberemos bem, que por tudo o que tivemos deixado, Ele nos compensará verdadeiramente a cem por um. Basta que tenhamos a coragem inicial de começar por dar cem por um. Boa Semana Santa para todos.

Saturday, April 08, 2006

“ Se, por um instante, Deus se esquecesse de que sou uma marioneta de trapo e me oferecesse mais um pouco de vida, não diria tudo o que penso mas pensaria tudo o que digo. Daria valor às coisas, não pelo que valem, mas pelo que significam.
Dormiria pouco, sonharia mais, porque entendo que por cada minuto que fechamos os olhos perdemos sessenta segundos de luz. Andaria quando os outros param, acordaria quando os outros dormem. Ouviria quando os outros falam e como desfrutariaMeu Deus, se eu tivesse um coração, escreveria o meu ódio sobre o gelo e esperava que nascesse o sol. Pintaria com um sonho de Van Gogh sobre as estrelas de um poema de Benedetti e uma canção de Serrat seria a serenata que eu ofereceria à Lua!
Regaria as rosas com as minhas lágrimas para sentir a dor dos seus espinhos e o beijo encarnado das suas pétalas...
Meu Deus, se eu tivesse um pouco de vida... não deixaria passar um só instante sem dizer às pessoas de quem gosto que gosto delas. Convenceria cada mulher ou homem que é o meu favorito e viveria apaixonado pelo amor.
Um bom gelado de chocolate!
Se Deus me oferecesse um pouco de vida, vestir-me-ia de forma simples, deixando a descoberto não apenas o meu corpo, mas também a minha alma.
Aos homens provar-lhes-ia como estão equivocados ao pensar que deixam de se apaixonar quando envelhecem, sem saberem que envelhecem quando deixam de se apaixonar! A uma criança, dar-lhe-ia asas, mas teria de aprender a voar sozinha. Aos velhos ensinar-lhes-ia que a morte não chega com a velhice, mas com o esquecimento.
Tantas foram as coisas que aprendi com vocês, os homens! Aprendi que todo o mundo quer viver em cima da montanha, sem saber que a verdadeira felicidade está em subir a encosta...
Aprendi que, quando um recém-nascido aperta, com a sua pequena mão, pela primeira vez, o dedo de seu pai, o tem agarrado para sempre.
Aprendi que um homem só tem direito a olhar outro de cima para baixo quando vai ajudá-lo a levantar-se...
São tantas as coisas que pude aprender com vocês, mas não me irão servir realmente de muito, porque, quando me guardarem dentro dessa maleta, infelizmente estarei a morrer...”
G.G.MARQUEZ

Friday, April 07, 2006

Tenho andado muito ocupado, como é normal na vida de um padre, e principalmente em vésperas da Páscoa. Tenho celebrado e ajudado a celebrar o sacramento da reconciliação. (Tenho-me fartado de confessar, mas não digam a ninguém que eu disse isso…) Hoje no final da semana cansado e cheio de sono e depois de ter ajudado a reconciliar centenas de pessoas conclui-o que: A pérola mais valiosa está nas profundezas. É singela. Não se deixa ver. É rara. No íntimo de cada um quanta raridade!
Bom finde semana a todos.

Thursday, April 06, 2006

Hoje não tenho mais tempo. Apenas deixo esta simples e humilde mensagem.
Bom dia para todos.
Quem não enxuga as lágrimas de uma criança acaba por chorar ele mesmo.
(Provérbio Ugandês)

Wednesday, April 05, 2006


Ontem um vizinho e colega colocou no seu blog (http://noadro.blogspot.com/) uma questão pertinente sobre Deus. Obrigado manuel... Motivou e está a motivar uma longa discussão. Ainda bem que é assim. Acontece que aquela questão fez-me pensar numa canção que aprendi em Taizé, terra e espaço para Deus, e de oração, que partilho convosco hoje.
Deus é amor
Atreve-te a viver por amor
Deus é amor
Nada há a temer...

Bom dia para todos.

Tuesday, April 04, 2006

Consumir-se como a vela...


Aquela vela acesa na escuridão da noite, nesta capela, tem beleza, ajuda-me a orar, a meditar.
Fogo, luz símbolo o próprio Deu da Sarça ardente de Moisés, das línguas de fogo do Pentecostes…
Ilumina, aquece, enche tudo de vida de relevo, de formosura. Dá a cada ser as suas qualidades, as suas formas, a sua beleza própria…
E depois, Senhor, vai-se desfazendo, consumindo, desgastando... silenciosa, quase fraternalmente … Muito me ensina aquela vela, a arder iluminando a noite…
Que assim seja a minha vida Senhor.
Que assim seja o meu agir
Queimar-se
Desgastar-me,
Dar-me mais,
Sempre mais…
Em silêncio delicado e humilde,
Dando luz, calor, vida,
Como a vela que arde de noite nesta capela…

Monday, April 03, 2006


"Tudo é por um amor. A dinâmica é uma actividade para alguém. O sentido único da vida é ser dom. A vida deve ser animada por uma vontade de dedicação, por uma impossibilidade de conceber o tempo e nós próprios, se não como uma actividade incansável por um amor. Esta é a grande lei, o grande valor ético do qual Cristo nos falou."
Luigi Giussani

Bom dia e boa semana…

Saturday, April 01, 2006

Ver Jesus

Ver Jesus”.
Jesus responde: se alguém Me quer servir, siga-Me!!!
A vida nasce do amor, do amor total, do amor que se dá até às últimas consequências. Só o amor como dom total é fecundo e gerador de vida (“em verdade, em verdade vos digo: " se o grão de trigo caído na terra não morrer, permanece só; se morrer, produz muito fruto”.
Quem se ama a si mesmo e se fecha num egoísmo estéril, quem se preocupa apenas com defender os seus interesses e perspectivas, perde a oportunidade de chegar à vida verdadeira, à salvação.
O apego egoísta à própria vida levará ao medo de agir, à dificuldade em comprometer-se, ao silêncio perante a injustiça – em suma, a uma vida de medo e de opressão, que é infecunda e não vale a pena ser vivida.


Matias Grunewald (c. 1460-1528)

Museu Unterlinden - Colmar - França


Naquele tempo, alguns gregos que tinha vindo a Jerusalém para adorar nos dias da festa, foram ter com Filipe, de Betsaida da Galileia, e fizeram-lhe este pedido:
«Senhor, nós queríamos ver Jesus».
Filipe foi dizê-lo a André; e então André e Filipe foram dizê-lo a Jesus.
Jesus respondeu-lhes: «Chegou a hora em que o Filho do homem vai ser glorificado. Em verdade, em verdade vos digo: Se o grão de trigo, lançado à terra, não morrer, fica só; mas se morrer, dará muito fruto.
Quem ama a sua vida, perdê-la-á, e quem despreza a sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna.
Se alguém Me quiser servir, que Me siga, e onde Eu estiver, ali estará também o meu servo.E se alguém Me servir, meu Pai o honrará.
Agora a minha alma está perturbada.
E que hei-de dizer? Pai, salva-Me desta hora? Mas por causa disto é que Eu cheguei a esta hora. Pai, glorifica o teu nome».
Veio então do céu uma voz que dizia: “Já o glorifiquei e tornei a glorificá-lo”.
A multidão que estava presente e ouvira dizia ter sido um trovão. Outros afirmavam: “Foi um anjo que lhe falou.” Disse Jesus: “Não foi por minha causa que esta voz se fez ouvir, foi por vossa causa. Chegou a hora em que este mundo vai ser julgado. Chegou a hora em que vai ser expulso o príncipe deste mundo. E quando Eu for elevado da terra, atrairei todos a mim.”Falava deste modo, para indicar de que morte iria morrer.


Na África...
Um dia, numa expedição, o cachorrinho começa a brincar entretido a caçar borboletas e quando se dá conta já está muito longe do grupo do safari.
Nisto vê bem perto uma pantera a correr na sua direcção. Ao aperceber-se que a pantera o vai devorar, pensa rapidamente no que fazer.
Vê uns ossos de um animal morto e põe-se a mordê-los. Então, quando a pantera está quase a atacá-lo, o cachorrinho diz:
- "Ah, estava deliciosa esta pantera que acabo de comer!"
A pantera para bruscamente e desaparece apavorada pensando:
- "Que cachorro valente! Por pouco não me comia a mim também!"
Um macaco que estava numa árvore perto e que tinha assistido à cena, vai a correr atrás da pantera para lhe contar como foi enganada pelo cachorro.
Então, a pantera furiosa diz:
- "Maldito cachorro maldito! Agora vamos ver quem come quem!"
- "Depressa!" - disse o macaco. "Vamos alcançá-lo"
O cachorrinho vê que a pantera vem de novo atrás dele com o macaco às cavalitas...
- "Ah, macaco estuporado! O que faço agora?"
O cachorrinho, em vez de fugir, senta-se de costas para a pantera como se a não visse e, esta está quase a atacá-lo, diz:
- "Raios partam o maldito macaco! "Há meia hora que eu o mandei trazer-me outra pantera e ele ainda não voltou!"

"Em momentos de crise, a imaginação é mais importante que o conhecimento"
Albert Einstein